Boa tarde a todos e todas, saúdo a todos e todas na pessoa do nosso Presidente, o Prof. João Eurico Mata, nesta tarde de fins de um isolamento social inesperado e desafiador. Sim, fomos desafiados por um elemento cujo diâmetro pode variar de 60 nanômetros (nm) a um diâmetro máximo de 140 nanômetros (nm). Sendo o comprimento de 9 a 12 nanômetro.
Crédito de imagem: Meletios Verras/Shutterstock.com
Portanto, falar para vcs é uma grande responsabilidade, visto que são profissionais de relevantes serviços prestados à sociedade e com uma trajetória profissional de grande valor.
Buscarei, ao máximo, ser breve na minha exposição. Embora professor verdadeiro nenhum seja breve, devido a compulsão pela oralidade.
Antes de tudo quero comentar sobre o aniversário, hoje, da Adm. Profa. Tânia Dias.
O tema escolhido para esta tarde foi Administração entre o convencional e a modernização. Embora professor universitário e cientista da Administração, pretendo desenvolver esse tema mais como um traçado de nossos caminhos percorridos diante de uma complexidade relativamente baixa para um contexto de elevada complexidade.
É bem verdade que nós, aqui, fomos formados Administradores estudando uma Teoria Geral da Administração, de origem estadunidense, logo, uma lógica e ideologia estadunidense. Temos o prazer de ter entre nós o Prof. Mata, presidente dessa academia, e o Prof. Manoel Barros que foram enviados aos EUA para cursarem mestrado em Administração, dentro do convênio MEC-USAID, e assim retornarem para consolidar um conhecimento científico em Administração estadunidense nas escolas de Administração no Brasil e assim pavimentarem um caminho para empresas estadunidenses em expansão no mundo. Era momento da ditadura militar.
Destaco que não sei se o nosso companheiro Fabrício tb esteve nessa leva... (risos)
Essa responsabilidade de consolidar uma área de conhecimento não foi uma tarefa fácil, mas ao mesmo tempo o caminho foi facilitado pela tradução, aos poucos, da literatura do inglês para o português.
Então, tivemos uma formação hermética, num invólucro made in USA e que atendia a um gerencialismo também amarrado. Assim, fomos forjados Administradores de organizações com uma base rígida para uma sociedade completamente diferente: católica, mística, miscigenada, oriunda da junção inicial de três povos distintos e isso nos deu esse gingado para conduzir o nosso dia-a-dia.
Tivemos muitas dificuldades para conduzir organizações com aquela literatura. Eu tive e vcs tiveram.
Hoje trabalho com a disciplina de teorias, mas deixo muito claro para os meus alunos que se trata de uma história do pensamento administrativo, a despeito da grande contribuição empírica de Taylor: um marco.
A prática da gestão, no Brasil, aos poucos foi-se desgarrando desse gesso e assumindo uma cara brasileira, assumindo esse caráter maleável, ajustável, adaptável... não tem jeito, por mais que empresas cheguem e tentem impor um modelo importado, esse modelo será ajustado., pois não somos monotônicos.
Então, a partir dos anos 90, a academia brasileira, por meio da expansão dos mestrados e doutorados em Administração, resolve voltar-se para dentro para investigar o que é e como gerir no Brasil para, assim, configurar uma teoria nacional. Ainda não batemos o martelo e nem sei se bateremos, afinal somos Macunaíma e não há nada de mal de sermos o que somos.
Posto isso, temos, no Brasil, uma gestão convencional, tradicional, marcada por uma forte influência dos EUA, navegando para uma modernização. Mas, como fazer essa modernização, o que é o moderno? Segundo Bruno Latour (1991): “Nous n’avons jamais été modernes”, ou seja: jamais fomos modernos. Isso, pq o moderno prometido na renascença ainda não se concretizou, mas já falamos em pós-modernidade. Então, a crer, discordar ou refletir...
Aprendemos e reproduzimos para gerações de gestores que Administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar, mesmo sabendo que nem sempre planejamos, organizamos, dirigimos ou controlamos. Sabemos que o planejamento bom nasce morto e o coronavirus, para o bem e para mal, veio mostrar, escancarar essa realidade na sua forma mais cruel: a morte de pessoas e de empreendimentos!
Então, meus e minhas colegas, como falar de uma modernização se um elemento de tamanho infinitesimal nos colocou de joelhos. Sim, porque nossas ações ainda soam convencionais.
Pelos dados da OCDE (Organização para cooperação e desenv. Econômico)
Hoje temos no Brasil quase 210 milhões de habitantes.
Somos o penúltimo país em pontuação média em matemática: 388 meninos, quando a média OCDE é 492, sendo 15 países a nossa frente até a média
Somos o penúltimo país em pontuação média em leitura: 426 meninas, quando a média OCDE é 502, sendo 18 países a nossa frente até a média
Perdemos para a Indonésia
Embora sejamos a 6ª economia do mundo... parece que algo está errado!
O aspecto seguinte que nos incomoda para além da modernização chama-se Inteligência Artificial (IA): o nosso mais recente calcanhar de Aquiles. Essa está sendo mais duradora que o coronavirus, pois está desestruturando tudo no mundo corporativo e impactando no mundo do trabalho. Ao gestor caberá preparar-se para tentar antecipar-se. Nossas escolas de business, no Brasil, não estão preparando os futuros administradores para o confronto com a Inteligência Artificial.
Só o advento do coronavirus ampliou em muito a velocidade das soluções de informática, pelo menos as soluções de segurança.
Por outro lado e de mãos dadas com a IA, está a Inovação Disruptiva, aquela que altera o contexto de modo radical.
Para finalizar, acredito que conformação de uma nova gestão passa necessariamente por uma compreensão da diversidade cultural, sexual, étnica, cor da pele... uma interculturalidade, que apesar de muito falada, tem como desafio a diferença, pois uma coisa é inserir, a outra é incluir.
Muito obrigado pela atenção.
Jair Nascimento Santos
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